Artista Residente em Samavi: Manu Romeiro

O anseio de realidade de Manu Romeiro se traduz em gestos que querem tornar visíveis, pela observação intensa das pessoas e ambientes que encontra, intangíveis conexões humanas. O desenho e a linha são o recurso especial para este procedimento. “Trabalho principalmente com o desenho de observação, que me permite ver aquilo que minha imaginação ainda não conhece”, afirma a artista. Esse constante desejo de descoberta é a outra face de seu trabalho, equilibrado entre a intrepidez viajante e a delicada intimidade que estabelece com os lugares e modelos.

Os rostos nos desenhos e pinturas de Manu estão cheios de angústias, desejos e histórias que se recusam a ser apagados. Essa “teimosia” do retratado soma-se à teimosia da artista, que colecionando narrativas de gentes alheias vai também inscrevendo sua própria linguagem, sem pedir licença. Atenção! Manu Romeiro é uma artista jovem e obstinada, que busca seus caminhos mas não quer estar, ainda (ou talvez nunca) pronta. É o privilégio do público santamariense vê-la assim como é, atualmente: em processo de construção. Se expor em processo, para a artista, é se mostrar intimamente, despida, de carne crua, mostrando até o esqueleto da obra. É a verdade, as vezes desconfortável, da obra, que o público quase nunca vê.

Os trabalhos aqui mostrados foram todos produzidos em Santa Maria da Vitória, sob a luz do sol forte e dos luares reluzentes, durante uma residência artística de 5 semanas que integra o programa I N T E R C Â M B I O S de extensão, da UFOB. Estudantes de graduação, pós e especialização participaram ativamente durante todo o processo da residência, contribuindo na realização deste evento tão especial. O NAVI, grande parceiro da empreitada, registrou em vídeo grande parte do processo. Mas nada disso teria sido possível sem a acolhida calorosa e entusiasmada do povo santamariense; coisa da maior importância, pois é da cidade que vamos fazendo nossa universidade.

 

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